Você já deve ter ouvido falar nos
tais “dentes do juízo”. Esse é o nome popular dos terceiros molares, ou dentes
do siso, 4 dentes que nascem quando a pessoa já se é beeem mais velha, um em
cada canto da boca (superior esquerdo, superior direito, inferior esquerdo e
inferior direito). Podem vir a nascer por volta dos 16 aos 20 anos. Por isso é
conhecido desse jeito, dizem que se você ainda não tem os dentes do siso, você
ainda não é maduro o suficiente. Pura balela, né? Rs. Julgar a maturidade e
juízo de alguém por um dente? Igual aquele lance de que se você tem uma
marquinha branca nas unhas é sinal de que é mentiroso, hahaha. Aliás, a palavra
siso vem de sisudo, que quer dizer, sensato, prudente. Isso também contribui
para a crença popular, rs.
Agora que você já sabe ou se lembrou
o que são os sisos, deixe-me contar minhas desventuras com eles.
Tudo começou quando eles
resolveram nascer (meio óbvio, não?). Eu tinha em torno de 19 anos na época, se
não me engano. Mas os sisos são realmente curiosos. Eles não nascem de uma vez,
mas sim, rola todo um processo. A cada ano, desde então, por mais ou menos uma
ou duas semanas, eu os sentia rasgando minha carne, forçando uma saída, um
‘lugar ao sol’ –q. Era uma dorzinha chata, incomodava, mas suportável. E depois
desse tempo, eles simplesmente paravam de tentar sair e a dor parava também.
Isso durou até os meus recém 22 anos.
Nessa fase, me parece que meus dentes superiores estavam já formados e prontos
pra mastigar xD, enquanto que os de baixo ainda não, estavam incompletos, com
uma parte encoberta pela pele da gengiva.
Penso isso, porque um dos meus dentes superiores, mais especificamente o
do lado direito, estava criando um buraco na gengiva inferior do mesmo lado,
como se estivesse furando a carne que ainda cobria o dente do siso inferior
direito. Estranho né? E isso me doía muito! Imagine só! Mal conseguia comer
naquele lado. Era dor noite e dia. Então, resolvi ir ao dentista.
Apresentei meu caso ao dentista, e
mostrei o buraco que meu dente estava causando na gengiva. Foi-me dito que o
único jeito seria arrancar os dentes do siso, e, ainda por cima, teria de usar
o temido aparelho ortodôntico! :O Segundo ele, isso teria sido causado pelo
fato de minha arcada dentária estar torta, o que teria comprometido a saída dos
sisos e essa fúria do dente em me furar –q rs. Por isso, era necessária a
correção.
Pois bem, lá fui eu marcar a
cirurgia de extração. Mas para isso, era necessário um raio-X especial para que
se pudesse visualizar e analisar as raízes (bem como suas posições) dos meus
dentes. E como soube que para encomendar o aparelho ortodôntico seria
necessário o mesmo raio-X mais uma série de outras coisas, resolvi fazer tudo
de uma vez, já que não tinha outro jeito rs. Exames prontos e em mãos,
finalmente chegou o temido dia. =O
Na
foto, veja e compare um dente permanente e um dente de leite. Os
dois são meus (sim, graças a minha mãe, guardo até hoje =P). Este dente
do siso tem quase a metade do meu dedo mindinho, daí o porquê de serem
tão
difíceis de serem extraídos (olha aquela raiz gigantesca!)
1ª Cirurgia – Siso Superior Direito
A intenção original era arrancar
os dois dentes do lado direito. Mas acabou só sendo 1...
Primeiro, o dentista me perguntou
qual era o lado que mais me incomodava, eu disse que era o direito, onde estava
sendo criado o tal buraco, e ele resolveu começar pelo de cima, mesmo eu
achando que o melhor seria tirar o de baixo, já que o buraco causador da dor estava
ali. Depois eu entendi que foi melhor assim.
Já almoçada, recebi umas 3
anestesias em diferentes locais para tirar qualquer sensibilidade na região da
cirurgia... a única sensação é dormência, e me sinto meio grogue. Kkk
Ok, legal. Tudo ia às mil
maravilhas, eu ia arrancar o dente, que me causava tanta dor e frustração, eu
estava calma! Até... pronto, começou a cirurgia. E junto dela, o nervosismo...
a ansiedade... a tremedeira... o ataque de pânico! Eu sou uma pessoa muito
nervosa se tratando de saúde, tenho pânico de sangue, hemorragia e qualquer
coisa que leve à morte. Tenho muito medo de cirurgias, e sendo esta a primeira
de minha vida, acho que era um reação normal eu estar nervosa. Mas estava
nervosa demais! Kkk
O cirurgião-dentista e seus
auxiliares (minhas cirurgias costumavam ser acompanhadas por no mínimo 3
pessoas - além da presença de minha mãe,
gentilmente, só para me passar uma maior segurança rs –q), pediam para eu me
acalmar, dizendo que tudo estava bem e que iria dar certo, mas sistema nervoso
é uma coisa que tem vida própria. É difícil controlar. Eu realmente tive
tremedeiras, minhas pernas dançavam break involuntariamente enquanto eu estava
sedada na cadeira do dentista... imaginem a cena kkk por favor, não imaginem
Pra me acalmar, minha mãe teve a
ideia de me dar meu celular e o fone para que eu ficasse ouvindo minhas
músicas, o que me ajudou muito pouco... impossível não me ligar no que estava
acontecendo ali comigo! Infelizmente, nesse tipo de cirurgia, a gente não pode
dormir, tem que ficar 100% acordado, assistindo tudo!
Suei frio, minhas mãos e pés
GELARAM, e estive muito perto de desmaiar, com medo de ver o menor resquício de
sangue e comprometer a cirurgia com meu desmaio... mas graças a Deus,
conseguiram arrancar o bendito dente e decidiram parar por aí, pois todos,
inclusive eu, achamos que eu não iria aguentar uma segunda extração naquele
estado.
Beleza, minha primeira cirurgia já
tinha sido concretizada. Dente no lixo, já que minha mãe fez questão de dizer
que eu passaria mal se o visse (mas eu acho que isso não aconteceria; queria
muito tê-lo visto), recebi os pontos e me puseram uma gaze para morder por 30
minutos, além de uma série de orientações pós-exodontia.
Entre essas orientações básicas
estavam: não pegar sol, evitar abaixar a cabeça, não fazer esforço físico, não
bochechar nem cuspir, alimentação somente pastosa e fria e dormir com
travesseiro alto. Em algumas das cirurgias tinha que também por gelo na face e tomar alguns remédios. Daí já imagina como é viver os dias seguintes tendo que me
preocupar com cada orientação, para evitar uma possível hemorragia, inflamação ou soltura
precoce dos pontos. É tenso.
Mas a coisa mais engraçada foi o
que aconteceu na primeira noite. Depois de passar o resto do dia me sentindo esquisista graças ao efeito da anestesia, mais a dorzinha
inevitável, além de não poder higienizar a boca direito pelo fato de não poder
fazer movimentos de bochecho e muito menos cuspir, o que contribuía pra eu
sentir uma mistura de gostos de tudo o que eu comi desde a última vez que havia
escovado os dentes, eu estava louca pra deitar e dormir pra tentar esquecer de
tudo isso. Mas não foi bem assim... memória vem, memória vai, eu lembrei de
tudo e cada detalhe que passei durante aquela cirurgia, e mesmo com fone
conectado e ouvindo música, não conseguia desligar o pensamento... até que eu
senti: eu vou desmaiar! Nisso, já era de madrugada. Levantei da cama e me dirigi ao
banheiro querendo fazer o nº 1, mas antes de chegar lá eu me vi totalmente
tonta, perdendo os sentidos a começar pela visão, e gritei “Mãe, estou
desmaiando! Mãe!”, e tentei correr de volta pro quarto, caso caísse, cairia na
cama macia e não me machucaria. Minha
mãe levantou nervosa, e não entendendo nada, pois quem desmaia dormindo?? Isso
ela conta pra todo mundo até hoje, rsrs. Mas como vocês sabem, eu não estava
dormindo, pois nem conseguia dormir, lembrando de todos aqueles diálogos entre
os dentistas a respeito da minha cirurgia, aqueles instrumentos estranhos e
pontudos entrando na minha boca, a sensação de pressão que a anestesia não
anula, e a minha tremedeira na cadeira no dentista! Eu fico enjoada só de
pensar, rs.
Voltando à cena em que minha mãe
aparece. Ela veio me acudir, tentando ventilar o quarto, chamou
desesperadamente minha irmã para me trazer água e toddy, rs. A água era pra
molhar meu rosto, e o toddy pra ver se o leite ajudava a me recompor. Mas não
demorou para que eu vomitasse. Muito, muito enjoada ainda, fui melhorando aos
pouquinhos, após minha mãe ter me reconfortado dizendo que ‘tudo já passou’ (me
senti um bebê, hahaha). E assim foi minha primeira noite.
O pessoal aqui em casa ficou
traumatizado depois do meu ‘ataque noturno’, e todas as noites tinham medo de
que eu voltasse a ‘surtar’, kkk. Felizmente eu não passei mal por isso nas
noites seguintes, mas isso não quer dizer que eu não lembrava da cirurgia ou
não me sentia enjoada por não poder higienizar minha boca como eu queria. Mas eu tentava ser forte e conseguia dormir
tranquilo. E finalmente, sete dias depois, chegou o dia de tirar os pontos, e
legal, estava livre! Até a próxima cirurgia. -_-"
2ª Cirurgia – Siso Superior Esquerdo
Essa não teve muitos traumas... já
sabia como seria mais ou menos a cirurgia né, e é claro que sempre bate um
nervosismo, medo de o cirurgião não estar preparado ou estar nervoso, ou
impaciente, ou alguma coisa atrapalhar ou tirar a concentração deles, ou se os
instrumentos que serão usados estão realmente esterilizados e limpos, medos
assim. Mas nessa felizmente fiquei MUITO MENOS ansiosa, fui até elogiada por
todos os presentes, hahahah. Não tive todos aqueles acessos de tremedeira.
Foram bem poucos. XD
O pós- operatório também foi
tranquilo, sem problemas, só aquelas regras básicas que acabam sendo problemas
por si só, os mesmos cuidados, proibições e tal.
Torci incansavelmente para que
chegasse logo o dia de tirar os pontos. Depois do 3º ou 4º dia aquilo começa a
me incomodar. Você sente repuxar a linha conforme os movimentos do rosto, além
de temer arrancar ou enroscar ela na escova de dentes... é uma loucura, rsrs.
Mas o dia chegou, eu arranquei, e pulei feliz \o/ -n
3ª Cirurgia – Siso Inferior Direito
Finalmente havia chegado a vez de
tirar o danado que também foi a causa de todo o problema inicial. Pois era ali
que havia se formado o tal buraco que o dente de cima furava que doía pacas e
me levou a toda essas sessões de torturas.
Alegre e confiante por ter
sobrevivido às cirurgias anteriores sem grandes traumas, fomos eu e minha mãe,
fiel acompanhante, à próxima. Minha mãe cria que esta seria mais tranquila por
ser o dente debaixo, em oposto à mim, que achava que não seria tão fácil, pelos
dentes debaixo ainda estarem sob a pele, não totalmente descobertos. A dentista
havia me avisado anteriormente que seria necessário um corte, e como os de cima
não precisaram disso eu tinha a terrível impressão de que essa não seria uma
cirurgia tão rápida. E eu digo isso, porque passados 10 minutos, em média,
naquela cadeira, após a aplicação da anestesia e já com todos aqueles
instrumentos invadindo minha boca eu começo a passar mal e querer fugir dali.
Isso exige muito de mim. E como já foi dito, não sou tão forte com esses lances
de sangue, órgãos, possibilidade de hemorragia, morte... iiiich, todo esse assunto me
deixa muito enjoada.
Enfim, depois da já tensa parte de
aplicação da anestesia, que são por 3 vezes aquela seringa de agulha enorme
beliscando o interior da minha boca, começou a cirurgia. Parecia que tudo ia
bem, até que já tinha passado o tempo normal das outras cirurgias e o tal dente
nunca que saía. E parecia longe de sair. Imagine meia hora com a boca aberta
sem parar, sendo esticada pelos médicos ainda, e fraturada num dos dentes. É muita
tensão, e é muita dor também. E o pior, sentia que a cirurgia estava sendo
difícil, tanto por tudo o que eu via e sentia, quanto pelo diálogo dos
dentistas, aquilo estava me assustando muito... e eu pensava ‘Eu TENHO que ser
forte, eu não posso desmaiar agora, se não vou piorar tudo ainda mais, eu
PRECISO aguentar’. Mas falar é fácil. Essa foi, definitivamente, a pior de
todas as cirurgias a qual me submeti. Eu sofri demais. Por várias vezes o
cirurgião teve de enfiar aquela maldita broca pra arranjar espaço pro dente
sair, ou serrá-lo, não sei (evitava prestar atenção em tudo o que faziam pra
não ficar ainda mais enjoada). Só sei que era horrível. E já passava 1 hora de
cirurgia e o dente ainda não havia saído. Eu me vi a ponte de desmaiar, mas não
desmaiei. COMO eu suportei. Nesse dia eu me vi forte. Aguentei algo que achei
que não iria aguentar. Mas não estava sozinha, tenho certeza que Jesus me
ajudou, porque eu sou muito frágil. Rs.
Quase 1 hora e meia de cirurgia depois,
com a boca aberta TODO esse tempo, e o médico puxando e puxando a minha
bochecha pra enxergar melhor lá dentro, eu não preciso dizer que eu chorei de
verdade né? Não de espernear, pois isso nem dava, já que a boca tinha que ficar
na mesma imóvel posição. Mas chorei muito de as lágrimas saírem, a dor na minha
bochecha foi tanta, que eu já quase não a sentia mais. E ela doeu por muitos
dias. Eu mesma tenho pena de mim quando lembro de tudo isso... tudo o que
passei por causa de um dente. Por várias vezes, eu JURO, tive vontade de 'pedir pra sair' (rs), levantar dali e fugir, mandar parar... mas não podia, já era tarde! Estava com a boca toda ensaguentada e com o dente nem lá nem cá, nem preso nem solto... o que fazer? Só podia esperar pra terminar tudo aquilo. Bate um arrependimento SUPREMO na hora. Penso 'Por que eu comecei tudo isso? Eu mesma estou me maltratando!' T____T E COMO eu pedia a Deus para que acabasse logo. Eu tinha que segurar forte a mão de alguém (me
senti numa sala de parto huahauha), mas sério, isso realmente ajuda! Não a
passar a dor, mas, pelo menos, a passar um pouco o nervosismo, sei lá, você se sente mais forte. E eu
apertava com muita força a mão ora da dentista, ora da minha mãe, coitadas. kkk E, finalmente, o desgraçado dente saiu.
Se essa foi a pior cirurgia, essa
também foi, consequentemente, a pior pós-exodontia. Eu sofri muito, dia e
noite, sentindo o local da cirurgia. A dor chegava a ser insuportável, a ponto
de eu lacrimejar. Chegava a pensar que os dentistas não tinham me operado
direito, porque, não é possível, era surpreendentemente mais dolorida do que as
outras que eu havia passado. Eu evitava falar, comer (só o necessário), e fazer
qualquer movimento com a boca, pois o menor bocejar já doía demais. Eu não
podia esticar ou abrir a boca. Até espirrar era uma luta! Sem brincadeiras! Eu percebi isso: quando nós espirramos trincamos os dentes com força. E essa
força era inacreditável quando eu estava com aquele buraco massacrado ali no
lugar do dente. Eu não conseguia espirrar. Mas quando era necessário, tinha que
espirrar horrivelmente, daquele jeito que detesto, com a boca aberta no qual
voa espirro pra todo lado. Grotesco. E olha que naquele estado me deu vontade
de espirrar diversas e diversas vezes, durante aqueles dias. E não, eu não
estava doente, era um espirro comum. Mas nessas horas que eu penso que o
universo insiste em conspirar contra mim.
Para piorar, acho que eu tinha
engolido algum líquido que eles jogaram na minha boca pra lavar o buraco do
dente, mas já que eles jogam com muita força e rapidez, aquele aparelho sugador
não sugou tudo e uma parte desceu (lembre-se que eu estava deitada, quase
inevitável), e isso resultou numa super queimação da minha garganta... ardia
muito... não conseguia beber nada sem sofrer junto. Tudo tem que me acontecer
de uma vez. T0T
Eu penso que esse pós-operatório
foi horrível desse jeito pelo fato de a extração ter sido realizada no maxilar inferior, ou
seja, na mandíbula. Ali tem um osso. Uma extração forçada é
praticamente um massacre cometido contra a vítima. Já que não era hora do dente
sair, o corpo não estava pronto praquilo naquele momento. É realmente à força.
E isso deixa marcas. Isso dói. A vítima sente, e continua sentindo até ser
cicatrizada. Então qualquer movimento que eu fazia com o queixo, o maxilar
doía, e doía muito. Pra ter uma noção, eu arranquei esse dente numa tarde de
terça-feira, e ele continuou doendo até domingo de noite. Sem parar. Mesmo
tomando uma série de medicações controladas, incluindo antibióticos e
anti-inflamatórios.
Graças a Deus, na segunda-feira a
dor já era infinitas vezes menor e mais suportável, parece que, literalmente,
da noite pro dia, ela tinha resolvido ir embora, ou eu tinha aprendido a
conviver com ela. X)
Daí, então, chegou o dia de tirar
os pontos, e, na verdade, eu estava com um pouco de receio do buraco não ter
cicatrizado direito em prol da tamanha dor que senti durante aqueles dias... eu
tinha a impressão de que teria que ficar por mais tempo com aqueles pontos,
embora também não visse a hora de arrancar, pois a linha parecia que tinha
soltado e estava comprida demais, encostando na língua, e isso era muito
nojento. Aliás, a linha sempre soltava antes do tempo. Quer dizer, não
exatamente ‘soltar’, eu não sei como descrever, mas ela parece que vai perdendo
as ‘pregas’ conforme o tempo vai passando. E isso faz com que eu cada vez mais
a sinta... e eu detesto essa sensação.
A boa notícia é que era hora sim
de tirar os pontos, e a dentista disse que estava cicatrizando bem. Graças a
Deus. E, felizmente (ou não), só faltava mais uma sessão de tortura.
4ª Cirurgia – Siso Inferior Esquerdo
Graças a última experiência
naquela cadeira de dentista, eu estava mais nervosa do que na primeira vez.
Sério, a última cirurgia tinha sido tão longa e difícil que eu estava com muito
medo de a de agora ser igual, já que seria no lado inferior também. E eu avisei
isso pra eles, rsrs. Minha mãe, amiga pras horas difíceis, também tentava me
relaxar, e deixe eu contar essa, ela disse que também ficava super nervosa com
as minhas cirurgias. Segundo ela, na última ela quase vomitou de tanto nervoso
e pena de mim, rs. Achei bonitinho :3 –qqq (mostra preocupação comigo e eu gosto
disso, oras XD)
Antes de entrar na sala, eu mesma
tentava me distrair contando casos engraçados pra minha mãe, que fizeram a
gente rir muito, mas mesmo assim, é só passar pro lado de lá que o nervosismo
volta e toma conta, é como uma ‘mágica’ (do mal i0i), rs.
Lá fui eu pro tenso momento de
tomar as anestesias... eles sempre me perguntam se a língua ficou dormente, que
é o ideal pra cirurgia, mas dessa vez eu não tinha perdido a sensibilidade...
mas a cirurgia começou. '-'
Dessa vez eu já era mais do que
experiente no assunto, já me sentia até 'íntima' dos dentistas -q, então eu já sabia
tudo o que poderia acontecer, e essa era a parte mais ou menos reconfortante,
mas todos vocês já sabem que meu sistema nervoso tem uma vida e age por conta
própria –q, mas eu sempre tento ser forte, me controlando ao máximo todos os
segundos.
Mas sério, eu até que tava
relaxada. Deixei os médicos à vontade, fazendo o que devia ser feito, pra
acabar logo né, meu sonho é sair dali, rs. Sendo que... em determinado ponto,
quando ele começou a fazer movimentos de vai-e-vem pra puxar o dente, que é uma
das partes que eu menos gosto, afinal a pressão no osso é GRANDE, eu comecei a
sentir dor também! E eu não deveria sentir dor, afinal, pra isso que eu tinha
levado anestesia! Aí eu comecei a fazer sinais, tentando falar e reclamar da
dor, felizmente eles me ouviram. E lá fui eu tomar mais uma seringada de
anestesia. Antes a temível agulha do que uma dor ‘imortal’ de um dente
permanente sendo arrancado da raiz. >_<"
A cirurgia continua, e mais brocas
forçaram o caminho para extração. E novamente quando foi tentado puxar o dente
senti uma dor fulminante que cheguei a levantar a cabeça. O cirurgião já estava
assustado, achando que eu tava de brincadeira. Mas não era! E lá vai mais outra
anestesia. Essa foi, com certeza, a cirurgia em que mais levei anestesias. A
única resposta que eu encontro é a de que elas não estavam sendo aplicadas no
ponto certo, pois não atingia o sistema nervoso e não desligava a sensibilidade
da região. Acho que tomei umas 6 seringadas. Graças a Deus, a última pegou
mesmo. Perdi total a sensibilidade daquele lado e da língua também. Não é uma
sensação agradável, claro, mas extremamente necessário para uma exodontia.
Em certo momento da cirurgia, o
dentista falou que tinha pegado um ponto ótimo para arrancar o fujão do dente.
Eu já não aguentava mais. Estava pedindo a Deus, suplicando, para que aquela
tortura cirurgia acabasse logo, e acabasse bem. Eu sei quando eu não vou aguentar por
muito tempo. Por várias vezes pedi uma pausa aos médicos, pois sentia que ia
vomitar (tinha horas que ele enfiava o dedo quase na minha glote, procurando
uma posição ideal pra arrancar o dente), outras de tanta repuxar o osso eu
imaginava mil coisas, e o sangue que devia estar ali, e queria muito desmaiar.
Mas então, com o dente na tal posição perfeita pra ser extraído, o cirurgião foi
fazendo uma força insana pra arrancá-lo, e até eu pensava ‘é, acho que agora
vai!’, mas ao mesmo tempo, senti uma dor ABSURDA no lado contrário do maxilar!
Sério, como pode? Eu tirando o dente do lado esquerdo, sentir começar a doer e
MUITO o lado direito?? Fiquei com super medo!! E tentei chamar atenção deles,
gemendo, fazendo sinais, mas uma das acompanhantes segurou minha mão para que
eu não levantasse, e nessa hora eu fiquei muito desesperada, pois parecia que
não me entendiam... até que o dente saiu... mas pera! Meu maxilar ficou torto! Sério,
absurdo isso né? Imaginem o desespero! O cirurgião dizia ‘Já pode fechar a boca’,
e eu tentava falar ‘Eu não consigo, eu não consigo!’. Meu maxilar havia saído
do lugar, o osso ficou duro e eu perdi o domínio sobre ele, pois ele não me
obedecia! Eu fiquei realmente tensa. Mas, Deus seja bendito, o cirurgião sabia
o que fazer, e subiu a cadeira que eu estava pra ajeitar meu maxilar e botá-lo
de volta no lugar. Ele fez um tipo de movimento com força que o trouxe de volta
ao estado original. Pelo menos, assim eu espero -q
Cara, muito medo. Achei que, sei
lá, que iria ficar assim pra sempre! Hauhaha *rindo de nervoso*. Daí, ele desceu de novo a
cadeira para que fizesse os pontos, e bem, eu to viva até agora. Rs. Tomando as
medicações necessárias, e esperando a próxima ida para arrancar os últimos
pontos. Se Deus quiser, esta terá sido a última vez em que me submeti à uma
cirurgia. É muito ruim, rsrs. Não desejo isso a ninguém. Tenho muito medo dos
médicos não estarem preparados, ou dos resultados não saírem como o esperado, e
piorar mais do que o estado inicial. A verdade é que toda cirurgia é um risco.
E há a possibilidade de hemorragia. Só essa ideia já me impressiona.
Se bem que já sou veterana no assunto... 4 cirurgias em 2 meses. Nem eu acredito, lol. Mas estou viva, e estou bem.
Graças a Deus. :D
Ahá! Eis a prova pra quem não acreditou que ele mede 1/3 do meu dedo mindinho. Detalhe que foi o
último que arranquei e o único que peguei pra mim. Aliás, o único que me
ofereceram. Os outros, nem cheguei a ver... :(
Agora detalhando mais algumas
coisinhas... a alimentação, por exemplo, era uma das partes mais chatas. Só coisas molinhas mesmo, como se
a eu tivesse voltado a ser um bebê que ainda não tem dentes, rs. Danoninho,
sopinha, até papinha de nenê eu tomei xD e claro, sorvete e bastante água
gelada pra ajudar na cicatrização. Mas isso não é tão bom quanto alguns pensam.
Tive que me privar, por todas essas vezes, de comer coisas que gosto muito...
como pão, arroz, carne, e outras coisas que exigiam mais de mim pra mastigar...
é muito chato, viu. Ver os outros comendo coisas gostosas e só poder ficar
olhando...
Mas, nos primeiros dias, aqueles
em que eu arranco o dente, eu me sinto realmente um bebê... não posso fazer
nada! Não levanto peso, quase não ando, a maior parte do tempo fico deitada ou
sentada, fazendo pouquíssimos esforços. E eu, normalmente, não sou assim, não gosto de ficar parada. Chega a ser extremamente entendiante. ¬¬
E também tem o lance da anestesia.
O efeito da bendita dura umas 3 horas... por 3 horas eu vivo como uma drogada,
hauahuah XD (nunca usei drogas tá? mas imagino que a situação seja assim e-e), eu
fico lenta, sonolenta, me sinto lerda, a boca fica toda dormente, a língua
parece que nem tá mais ali, eu ando devagar, eu olho devagar, eu falo devagar,
não dá vontade de fazer nada... e fico chateada por tudo o que passei e
qualquer coisa me dá vontade de chorar... é, nas primeiras horas eu fico muito
sensível... e dura uma eternidade... cada minuto em que a gente sofre parecem
dias... é uma coisa louca, mas ainda bem que passa. ^^”
Eu sei perfeitamente que essas não foram cirugias TÃO sérias assim, de ficar em repouso vários dias, ou recebendo soro, ou de rasgar uma parte enorme do corpo, operar um órgão vital e receber 20 pontos. Eu sei disso. Talvez você tenha me achado um
pouco dramática demais. Pra quem tá de fora é sempre assim. Quando não se é
a pessoa que sofre tudo é exagero ou frescura. Mas quando eu digo que dói e que
sofri, ah, meu caro e minha cara, é porque DÓI MESMO. E não somente na hora, mas dói por
vários e vários dias. Só quem faz que sabe. Incomoda. Até sorrir incomoda. Pior
mesmo é ter que evitar falar. Você consegue se imaginar querendo conversar e
falar as coisas, e responder as pessoas, e ter que fazer isso ao mínimo, contra
sua vontade? É chato, sabe '-' Eu não sou muda, graças a Deus, e por isso me
faz falta. Falar é essencial pra mim, que adoro conversar lol. Felizmente, na
internet eu posso falar à vontade só usando os dedos xP
E, voltando ao assunto, ninguém
gosta de sofrer né. Toda dor é ruim, seja externa ou interna, física ou
espiritual, toda dor incomoda. Algumas mais do que outras. E quando a ferida é profunda a gente sente ainda
mais, sente muito... até que seja totalmente sarada. Então não julgue, critique, menospreze ou zombe
de algo que você nunca sentiu. Você pode ser o(a) próximo(a). Esse é meu recado
por hoje. :-)